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O imaginário casapiano dos princípios do século XX transporta-nos para a grandeza dos claustros dos Jerónimos, albergue de cerca de um milhar de crianças que, pela sua condição precária, encontram no imenso edifício cama, sustento e educação. A secular instituição afigura-se, portanto, como o garante do governo de uma população recrutada nas fileiras da miséria, assegurando que doravante não mais recorra à mendicidade para preencher o correr dos dias. Resíduos da sociedade, estes elementos eram recolhidos pela Casa Pia de Lisboa, transformados, aperfeiçoados e lançados novamente na sociedade que os segregara.
Contudo, ainda há os outros… Os anormais que deambulavam por Belém, sem se acostumarem às rotinas estabelecidas, deviam ser apartados, afastados das classes normais para não prejudicar a ordem da Casa. São corpos estranhos, resíduos que encravam a engrenagem. Por isso, para conhecer os espaços criados para recolher os anormais é necessário que embarque connosco. A visita estende-se, portanto, aos dispositivos de normalização criados na dependência da Casa Pia para receber todos aqueles que, pela sua anormalidade física ou mental, se desviavam da vulgaridade e que, por esse motivo, careciam de uma educação mais adequada às suas dificuldades de aprendizagem. Seria, sobretudo, um ensino especial para crianças especiais, uma escola à medida da anormalidade do outro.
Cláudia Pinto Ribeiro
U.Porto editorial, 2011